quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dia 22 - Por Fernando França

Um quê de tudo e um quê de nada

Que eu tenho que ficar sem fumar, que eu tenho que pensar em tudo para passar a vontade, que eu tenho que tomar Dramim para dormir, Activia para cagar, aveia para correr, água para emagrecer, que eu tenho que meditar, rezar, pensar, refletir, conviver. Tudo tenho que fazer para não pensar no troço que solta fumaça, sei disso!

Mas para ter esse tudo, eu preciso ter que me livrar do nada. Não quero nada que me desagrade, nada que me estresse demasiadamente, nada que me faça retroceder e esquecer todos os passos que dei e os caminhos que conquistei.

Com o tudo e com o nada é que um ex-fumante deve seguir em frente.  Tudo de empolgação, nada de desânimo; tudo de abstinência, nada de reposição química; tudo de ar, nada de sufoco; tudo de sabor, nada de insosso. O tudo e o nada, o nada e o tudo, uma dicotomia a ser explorada sempre, quando se abandona o troço que solta fumaça.

Seguir em frente e olhar pra trás, sempre. Enxergar as conquistas, perceber as derrotas, mas olhar pra trás e conferir que tudo valeu a pena. Cada baforada, cada passo, cada tropeço, cada caminhada. Os louros colhidos e os frutos apodrecidos. Tudo vale a pena, nada é desprezível.

O que levar quando se tem o que buscar? Essa reflexão merecia uma baforada com café ou cerveja.  Mas um ex-fumante já acostumou a refletir sozinho, sem nada para acompanhar.

Esse é o tudo que o “deixar de fumar” proporciona: o poder de refletir sem nada para atrapalhar e para dar um conforto superficial.

#refletirsemprefumarjamais

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