Dia 24 - Por Regina Doti

Adeus, Nicotina. Até breve, Diplomacia

Tô falando mesmo! Essa é a última percepção de peso, após o abandono da nicotina. Meu filtro se encolheu junto com a minha vontade de fumar. E vou falar: é muito legal; tá muito massa.

Percebi, nos últimos dias, uma franqueza surreal em mim com as minhas relações mais diversas. Não que eu não seja franca (pelo contrário), mas eu sempre carreguei na mão na hora de não falar o que penso; o receio exagerado de desagradar o outro.

Sempre esperei a hora certa de me colocar; fato é que, em muitas vezes, essa hora nunca chegava e eu angariava uma boa soma de pequenas frustrações e contrariedades. Também, claro, não saio por aí falando as minhas verdades a torto e a direita, não se trata disso. Trata-se, tão somente, de me colocar em cima do fato.

Um exemplo claro disso está diretamente ligado às imagens acima. Eu tenho um vizinho de garagem que sempre me irritou profundamente. A minha vaga é muito apertada, muito limitada por causa da parede. Por sucessivas vezes, deixei recados para o abençoado alinhar seu veículo mais à direita porque eu já tive que mandar, por duas vezes, meu carro pra oficina. Era o mesmo que falar com uma porta. E quando eu chegava em casa, tarde, cansada e ainda tinha que ir e voltar umas 15 vezes para conseguir guardar a salvo meu carro, tinha vontade de dar uma voadora na criatura.

Foi quando, ontem (depois de um tempo de trégua já que ele divide o apartamento e estava sem colega), ele parou o carro quase na minha vaga. Resultado: o vai e vem foi inevitável, assim como alguns palavrões e desejos indignos de uma cristã. Mas tomei uma atitude, enfim. Deixei o bilhete acima em seu pára-brisa e tive a resposta, também acima, no meu carro pela manhã. Resultado: problema resolvido. Pergunta: por que demorei tanto?!

Esse é apenas um exemplo, de vários, que tenho angariado nesses últimos dias. Minha resposta às minhas contrariedades vem espontaneamente, com todo jeito é lógico, mas não mais a coisa de escolher, com tanto critério e esmero, a hora certa. A hora certa é essa mesma porque, fora quando na TPM, minha capacidade de pensar e ter noção de limites é a mesma. Ainda não sei o quão a nicotina, em sua ausência, está relacionada à isso.

Pretendo ir mais a fundo no case, com meus Amigos Limpos Fernando e Serginho, em resenha presencial sobre as nossas vidas sem nicotina. Acredito que tem um fundo de libertação. O que antes me controlava, em muito, o que antes me escravizava, não mais tem o domínio sobre mim e isso gera segurança. Segurança e confiança em você mesmo: no que você quer e no que você, definitivamente, não quer.

#FranquezaÉmatoNoMomento